O empresário catarinense Luciano Hang tornou-se ícone da quebra de protocolo no comício em que Jair Bolsonaro transformou o ato cívico do Bicentenário da Independência. Na tribuna de honra evitada pelas autoridades do Legislativo e Judiciário, o autoproclamado “veio da Havan” ocupou, por vários momentos, o lugar de maior destaque reservado ao presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
Na véspera, Hang pediu ao STF que desbloqueasse suas contas bancárias e redes sociais. Ele é investigado no inquérito das milícias digitais por supostamente financiar atos antidemocráticos em 7 de setembro do ano passado e foi alvo de operação da PF, agora em agosto, acusado de trocar mensagens golpistas com mais sete empresários.
Hang também estava ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro, quando o presidente puxou o coro “imbrochável”. Depois de comparar sua mulher com a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, mulher de Lula, Bolsonaro recomendou que “homens solteiros procurem uma princesa”. Num país em que a maioria das mulheres ganha menos de dois salários mínimos e mantém, sozinha, metade dos lares, mesmo com renda em média 20% inferior a dos homens.
Na narrativa de Bolsonaro para sua grande bolha, que abrange pelo menos um terço do eleitorado brasileiro, Hang foi apresentado como patriota e vítima de “violação de privacidade”. Mas, por Ciro Gomes, em rede nacional, o empresário foi classificado de “picareta, sonegador, investigado pela Justiça”. O presidenciável classificou a posição de Hang no palanque como agressão à diplomacia. O PDT foi o primeiro a representar Bolsonaro na Justiça Eleitoral por abuso do poder econômico e político ao financiar ato de campanha com recursos públicos.
Hang tomou café da manhã com o presidente da República e depois o acompanhou ao Rio de Janeiro. O dono da Havan abriu mão de concorrer ao Senado para apoiar o escolhido de Bolsonaro, o ex-secretário de Aquicultura e Pesca Jorge Seif. Para o governo, Hang apoiaria o candidato do PL. É amigo de Jorginho Mello, mas não declarou voto.
Até o fim
O candidato Jorginho Mello vestiu a bandeira de SC às costas, como Carlos Moisés fazia no início da campanha, para discursar aos manifestantes pró-Bolsonaro na Avenida Beira-Mar Norte na Capital. Foi o único dos que disputam o governo a comparecer. “Ficarei ao lado do presidente Bolsonaro, não farei igual ao Moisés. Estaremos juntos pela liberdade do Brasil e de Santa Catarina”, disse.
De longe
O candidato ao governo Esperidião Amin (PP) informou que participou dos desfiles cívicos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para levar seu apoio à reeleição de Bolsonaro. Pelo que indica a imagem, bem longe do palanque. Retornou no mesmo dia, nem esperou para participar da sessão do Congresso quando os 200 anos da Independência foram comemorados de forma republicana e institucional.
Pé na estrada
O governador em exercício, Moacir Sopelsa, já colocou o pé na estrada. Participou com a primeira-dama, Valentina Sopelsa, da celebração de 7 de Setembro em Florianópolis. “São 200 anos da Independência de um país que nos orgulha, que tem povo ordeiro, trabalhador e muitas riquezas naturais, o que nos dá a oportunidade de produzirmos 12 meses por ano. Esse é o Brasil que pode ser ainda maior e dar às pessoas cada vez mais dignidade e melhores condições de vida”, destacou.
Na quinta, em Cocal do Sul, assinou ordem de serviço da duplicação da SC-108 no contorno da cidade e no trecho de Urussanga a Criciúma. Nesta sexta, volta para Concórdia, para assinatura da ordem de serviço de restauração da SC-283, a Rodovia Tancredo Neves, de Concórdia a Arabutã. Também vai assinar no município onde nasceu e do qual foi vereador e prefeito, o Programa Investe Agro para perfuração de poço artesiano e o termo de autorização do Programa SC Mais Solo e Água para investimentos em reservação d’água. Domingo, participa da Expo Videira 2022. Focado na estabilidade e harmonia do governo e na reeleição de Carlos Moisés, Sopelsa se mantém reservado quanto às campanhas para presidente e até para deputados.